A primeira vez em que isso aconteceu, eu tinha apenas 7 anos.
Meu primeiro ano na escola pública. Ensino de primeira (e não estou sendo irônica), professores amorosos e competentes, alunos de todas as classes sociais numa mesma sala de aula.
Tudo certo, nenhum problema, a não ser pela hora do recreio: por causa da minha limitação física, eu não conseguia brincar de roda! Eu adorava ver meus coleguinhas rodopiando no pátio da escola, “atirando pau no gato” e “vendo o circo pegar fogo”… Eu chegava perto, queria brincar também, mas quando eu entrava na roda, a roda não andava, não tinha graça, ela não saía do lugar, pois eu não conseguia segurar as muletas e as mãos dos meus amigos ao mesmo tempo.
Então ficava sempre à distância, pra não atrapalhar, de qualquer forma era lindo ver a roda rodar, mesmo eu não estando nela.
Só que minha professora me observava. Acredito até que ela passou alguns dias pensando numa solução. Então, num certo dia, na hora do recreio, ela me chamou pra perto da roda. E eu disse, conformada:
– Não, tia, não dá.
– Dá, sim. Venha cá, querida.
Meus coleguinhas ficaram confusos, mas atentos à intervenção da professora.
E ela falou:
– O centro da roda é o melhor lugar, é o lugar mais seguro. A partir de hoje, vocês brincam com a Lídia e a deixam no centro da roda.
– Ôooba!!! – Foi a resposta coletiva.
Foi indescritível a emoção que senti. Pela primeira vez a “sensação de pertencimento” me invadiu. Eu só queria fazer parte da roda, mas agora a minha professora havia me colocado no melhor lugar, com a cumplicidade e o consentimento dos meus amiguinhos.
Seria desnecessário dizer que o tal centro da roda passou a ser disputado por quase todas as crianças da escola!
Lídia Vasconcelos
Gratidão pelo carinho e generosidade, Ana!
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DEMAIS…AMEI
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Obrigada, querida! Fico muito feliz com os seus compartilhamentos!
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LÍDIA …..EU AMO….TUDO O QUE VOCÊ ESCREVE….VOCÊ É SIMPLESMENTE DEMAIS!PARABÉNS!!!!
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